Dríade

Ela me tratava como flor que cresce no arbusto aos seus pés, eu me sentia em paz dormindo sobre suas raízes. A magia das ninfas é sofisticada, oculta em intenção e ação. O som de sua voz podia apaziguar o maior dos predadores, um simples toque estendia a vida de qualquer animal moribundo. Ela adorava o nascer do sol, o ritual que a chuva realizava antes de se apresentar e até mesmo a minha antiga imprudência juvenil. Nunca houve abraço como aquele, nunca haverá. Hoje ela existe em toda a terra, todo belo do mundo foi nutrido por seu adubo.

Sátiro

Cheiro de álcool no ar, me oferece um gole o qual recuso; me oferece, então, uvas. Seus dedos tocam minha boca, a uva me parece mel, sinto gosto de vinho em meus lábios; feitiço satírico. Ele me confunde com Dionísio, mas não tenho seu humor. O tempo se perde perto dele, flui como o vinho que agora bebo.
A garganta queima pela conversa longa; nos deitamos, agora ele compartilha segredos. Sátiros são ótimos informantes quando ficam mais bêbados que você.
Ouço sua música, já não danço; consegui tudo que queria. Corto o transe alcoólico, olho em seus olhos: me despeço.

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